A Imoyê e funciona com os seguintes princípios:
I. São fundamentais as pessoas que trabalham nas escolas e nada jamais as substituirá;
II. É fundamental o reengajamento de pessoas em situação de abandono, sua reinclusão e sua perpcepção de pertencimento à comunidade escolar;
III. É fundamental a compreensão e responsabilidade coletiva com o abandono de cada estudante, antes que ela se finde em evasão;
IV. É fundamental a discussão do interesse coletivo da comunidade , que inclui aqueles evadidos ;
E para auxiliar a comunidade escolar a prezar por estes princípios, o trabalho que temos realizado disponibiliza um dispositivo de predição de evasão, criado com Inteligência Artificial, para as equipes das escolas superarem a barreira da incompreensão dos dados da evasão e conseguirem atingir uma visão de futuro para a escola, prevenindo evasões de forma precisa e com antecedência.
Este dispositivo remete simbolicamente à ideia do Ifá, oráculo dos Iorubás.
Mas, claro, o dispositivo que elaboramos é baseado na nossa apropriação da estatística, ciência de dados e machine learning para fornecer o acompanhamento do percurso estudantil diariamente, indicando o risco de abandono e alertando, com antecedência de meses, para situações de evasão a serem cuidadas.
No caso do Ifá, a consciência histórica está presente em toda parte. Ele é um instrumento da (Imoyê) previdência e da compreensão da vida. É apresentado pelo Opelê, um conjunto de 8 sementes que forma um padrão em que cada um remete a uma situação de vida, um Odu. (São 256 ao total). A consciência histórica busca reatar o presente com o passado e, ao mesmo tempo, indicar caminhos.
No caso do dispositivo que temos trabalhado, ele parte da compreensão de que há um processo histórico de desengajamento do estudante e que ele se dá em fases, não sendo dado, tal como uma moeda que, ao ser jogada, cai para cima ou para baixo. Podemos identificar nele ao menos 13 etapas e 25 possibilidades de análise (5 sementes com duas faces cada).
Para relembrar o Ifá, é como se 5 sementes de duas faces estivessem em jogo na previdência da evasão e elas simbolizam quantidades, momentos e intensidades do desengajamento e abandono de pessoas (Iye, àsìkò, agbára - ilọra e àìsí ) em seus percursos na vida escolar.
Trata-se então de um ato griot através da elaboração de tecnologias de resistência em que buscamos resgatar o passado, repensar o presente e imaginar o futuro.
Referências:
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